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9º Congresso Mundial de Informação em Saúde e Bibliotecas

Salvador, Bahia - Brasil, 20 a 23 de setembro de 2005

BVS4

4ª Reunião de Coordenação Regional da BVS

19 e 20 de setembro de 2005

22/09/2005

Participação popular e simplicidade (painel 1)- Ouça aqui o resumo do primeiro dia

A participação das comunidades e a simplificação de instrumentos utilizados para a gestão em saúde foram destaques no primeiro painel do 9º Congresso Mundial de Informação em Saúde e Bibliotecas (ICML9), Como conseguir a informação para todos? que aconteceu na manhã do dia 21 de setembro

A participação das comunidades e a simplificação de instrumentos utilizados para a gestão em saúde foram destaques no primeiro painel do 9º Congresso Mundial de Informação em Saúde e Bibliotecas (ICML9), Como conseguir a informação para todos? que aconteceu na manhã do dia 21 de setembro.

Auki Kanaíma Tituaña Males, prefeito de Cotacachi (Equador), apresentou a experiência exitosa de governabilidade em saúde do seu município. Subvertendo a forma tradicional de apresentação dos painéis, Tituaña, convidou sua esposa, Luz Maria, para apresentar com ele os resultados alcançados com a sua gestão voltada para a democracia participativa: “Faço isso em nome da igualdade de gênero”, brincou o prefeito equatoriano.

Tituaña apresentou um breve histórico da situação de saúde em seu país. Em oito anos, foram empossados 15 Ministros de Saúde. “Dá para perceber que não havia nenhum projeto claro de política nesta área”, contou o prefeito. Trabalhando junto à comunidade para vencer os obstáculos enfrentados pelo governo central de seu país, a prefeitura de Cotacachi vem conquistando parcerias, a exemplo da realizada com o governo cubado para erradicar a analfabetização, uma vitória de sua administração. A próxima meta é acabar com a desnutrição infantil, com o apoio da OPAS.

Com a participação de mulheres e inclusive de crianças no planejamento da gestão pública e orçamento participativo, a gestão de Tituaña transformou o quadro de democracia excludente e corrupta para uma democracia includente, tolerante e que luta contra a corrupção. Também vem cada vez mais articulando a medicina ocidental com a medicina ancestral. A prefeitura vem alfabetizando, capacitando e cadastrando no Ministério da Saúde as tradicionais parteiras, por exemplo, e conseguindo desta forma diminuir os índices de mortalidade materna e infantil. Mais informações podem ser acessadas no site www.cotacachi.gov.ec

Simplificando instrumentos

Neste mesmo painel, teve destaque a fala de Jon Rode, consultor em saúde internacional e ex-diretor do Projeto de Equidade na África do Sul. Para Rhode, a definição de um conjunto mínimo de indicadores e instrumentos simplificados para o acompanhamento dos pacientes pelas enfermeiras em clínicas e postos de saúde podem ajudar bastante no enfrentamento de questões como diarréia, HIV e tuberculose.

Para Rhodes, existem alguns princípios a serem seguidos no planejamento do sistema de informação de saúde: começar pequeno, limitando a quantidades de dados a serem recolhidos; utilizar formulários simples de registros, que devem ser feitos com continuidade; buscar entender os enfermeiro(a)s e as dificuldades de seu trabalho; e estimular a participação das comunidades (líderes e grupos de mulheres) na gestão. “Devemos garantir que o usuário identifique as prioridades de ação, não permitindo que as rotinas e procedimentos sejam ditados de baixo para cima”, concluiu Rhodes.

Neste painel, também estavam presentes Paulo Gadelha (vice presidente do  Departamento Institucional e Gestão do Trabalho, FIOCRUZ e Ministério da Saúde – Brasil). Gadelha falou sobre o que chamou de “utopia da globalização”.  “Na verdade, o que existe é uma hipercentralização as produção e difusão da ciência. Existem dados mais atualizados, mas até pouco tempo, das revistas científicas, 40% são americanas e 40% européias. Já das patentes, 90% são americanas, japonesas e alemãs”, afirmou Gadelha, alertando para a importância deste Congresso, que visa a disseminar conhecimentos.

Adama Samassékou, ex-presidente da WSIS (World Summit on the Information Society) e presidente da ACALAN (Academia Africana de Línguas), aproveitou a oportunidade para defender a promoção à diversidade lingüística na internet, como forma de garantir não apenas o acesso, mas à produção de informação científica descentralizada. “É preciso promover um ciberespaço multilingüe. As fontes abertas (softwares livres) podem contribuir neste sentido”, disse Samassékou, que finalizou sua fala citando Dom Helder Câmara: “Quando sonhamos sozinhos é só um sonho. Quando sonhamos com os outros é o início da realidade”, concluiu.