Pesquisa livre

português

9º Congresso Mundial de Informação em Saúde e Bibliotecas

Salvador, Bahia - Brasil, 20 a 23 de setembro de 2005

BVS4

4ª Reunião de Coordenação Regional da BVS

19 e 20 de setembro de 2005

26/09/2005

E-Health: Evolução e desafios (painel 3)

Ouça a matéria em formato MP3

Painel mostra que a tecnologia disponível já permite que a informação de saúde de cada pessoa esteja disponível via internet. Mas é preciso, antes, discutir temas como privacidade e confiabilidade desses dados na rede

“São os ministros da área econômica os maiores responsáveis pela promoção do e-Health, não os Ministros de Saúde”, afirmou Petra Wilson, vice-diretora da European Health Management Association (Bélgica). No painel 3 do ICML9, Petra provocou os gestores públicos a criarem sistemas interligados de dados de saúde. “Da mesma maneira que eu posso usar meu cartão da Bélgica para retirar dinheiro no Brasil, poderia ter acesso aos meus dados médicos com um cartão de saúde. A tecnologia para isto já está à nossa disposição”, argumentou Petra. Segundo a painelista, o que falta são recursos para o investimento em novas tecnologias na área de saúde e vontade política para isso acontecer.

O terceiro painel do ICML9 girou em torno de um conceito bastante atual, com o tema: E-Health e e-Pacient: uma nova cultura de saúde? De acordo com Petra Wilson, somente na Europa são investidos €700 bilhões em cuidados de saúde, e €673 bilhões em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). No entanto, apenas 2% deste total são destinados à e-Health, que, segundo Salah Mandil, consultor especialista sênior para a International Telecomunication Union (ITU) e Organização Mundial da Saúde (OMS), também conferencista deste painel, é um termo técnico adaptado do comércio e da indústria, para designar a utilização das novas tecnologias da informação e comunicação na área de saúde.

Para Petra Wilson, o que falta para que as tecnologias de informação em saúde estejam disponíveis para todos é principalmente compromisso político, particularmente da área econômica dos governos. Além disso, também é necessária uma estrutura regulamentada que permita a confiabilidade da informação, afinal, “se o sistema bancário errar nos meus dados, posso até perder dinheiro, mas se errar na minha taxa de glicemia e eu for diabética, posso perder a minha vida”, afirmou a vice-diretora da European Health Management Association.

Valores éticos

Além disso, para Petra a privacidade dos dados e a particularidade do atendimento também é um outro desafio da e-Health. “Para os usuários, do mesmo jeito que é importante que meus dados estejam na rede para serem compartilhados e analisados por especialistas, também é possível que eu não queira que minha família, meu patrão ou seguro de saúde saiba que eu posso estar com câncer. Assim como quero ter certeza de que eu estou sendo tratada como um caso particular, e não como mais um em um milhão na internet”, exemplificou.

Neste painel, Salah Mandil apresentou a evolução da e-Health, do uso de computadores como meras máquinas de calcular e processar dados clínicos e epidemiológicos, até a utilização dos sofisticados instrumentos e potencialidades das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em todos os aspectos da área de saúde. Também esteve presente Fernando Lolas, diretor do Programa Regional de Bioética, OPAS/OMS do Chile. Lolas complementou o cenário apresentado por Mandil, falando da importância da preocupação com a ética e os valores, ao lado das evidências e inovações da área de informação de saúde.